quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A importância de ser honesto

A honestidade é uma das virtudes mais importantes: na família, no trabalho e na sociedade. Na política, então, assume especial relevância. Um político ser capaz de dizer ao que vem (dizer o que pensa) e fazer o que diz: eis o que necessitamos!

Pode-se pensar na importância da competência técnica, da inteligência, da inovação e da criatividade. Mas entre nós, o que mais está em falta é mesmo a honestidade. Tudo o resto são benefícios que se podem construir por cima de acções e pensamentos honestos.

Quando se tem responsabilidades políticas, públicas ou colectivas, a questão da honestidade põe-se com maior acutilância uma vez que a sua presença ou ausência vão ter consequências alargadas, sobre um vasto número de pessoas. Não só o que fazemos afecta directamente muita gente como o nosso exemplo tem peso – a atitude de um governante tem que ser exemplar porque é um modelo de acção. E note-se que a honestidade é transversal: não basta haver coerência entre o que se diz e o que se pratica, o que se diz tem já que ser coerente com a verdade (e tantas vezes o discurso é demagógico ou internamente incoerente – eis a desonestidade intelectual!).

Bem sei que clamar por honestidade na política é o grau zero desta actividade, mas é o ponto em que estamos, é por aí que precisamos de começar. Num país como o nosso, em que a percepção e a realidade da corrupção atingem patamares alarmantes, seria, de facto, um progresso enorme, conseguir que todos os políticos com poder tomassem atitudes honestas. Depois, então, viriam as escolhas ideológicas, ou seja, começaríamos, realmente, com a política…

Mas não só na política se põe a questão da honestidade: também nos negócios e na vida cívica e colectiva temos que pugnar por ela. Por isso não basta clamar por políticos honestos. Cada um de nós deve cultivar a honestidade como um valor e como um hábito (só teremos moral para exigir honestidade se começarmos por ser honestos também). Depois, numa democracia representativa, o nosso voto mostra quem nós escolhemos para nos representar. Quem vota em políticos comprovadamente corruptos e desonestos está a dizer que se sente representado por essas figuras. Não tem, assim, legitimidade para se queixar quando o político, em conformidade, for desonesto. E o argumento da falta de alternativas não colhe: há políticos que ainda não provaram ser desonestos!

A honestidade (aliás como todos os outros valores) não aparece codificada binariamente: honesto/desonesto. Há graus de honestidade e graus de desonestidade. Aquilo que devemos procurar é ter atitudes de alto grau de honestidade e de baixo grau de desonestidade e votar naqueles políticos que demonstraram maiores graus de honestidade: aqueles que respeitam as leis, que rejeitam a corrupção, que favorecem a transparência e a rotatividade no poder, que praticam políticas financeiras responsáveis, que atentam às diferentes instituições e aos diferentes interesses das populações e que não mentem.

Uma percentagem substancial da culpa pela crise que vivemos deve-se à desonestidade que tem grassado no mundo. De políticos que vão para o governo e não fazem aquilo a que se comprometeram nos seus programas eleitorais, de decisores que desrespeitam os interesse populares e agem de acordo com vontades particulares, de governantes que hipotecam o futuro com manobras de curto prazo ou de fala-baratos engravatados que prometem o impossível. Tanto em Portugal como no mundo, a crise tem muito a ver com a dificuldade que temos tido em fazer com que a honestidade seja um valor realmente irrevogável…

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