Jornalista fazia reportagem sobre abuso de menores e
comércio de drogas, quando foi sequestrado, torturado, julgado e executado por
traficantes, há 15 anos
Sumiço. Tim Lopes desapareceu quando fazia uma reportagem na
Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, sobre tráfico de drogas e corrupção de
menores
Em foco: Desaparecimento e morte do jornalista Tim Lopes
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A morte do jornalista Tim Lopes, em 2002, foi um dos crimes
mais chocantes que o Rio de Janeiro já testemunhou. O gaúcho Arcanjo Antonino
Lopes do Nascimento, então com 52 anos, desapareceu no dia 2 de junho de 2002,
quando fazia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um
baile funk da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte carioca. Depoimentos de
testemunhas e dos envolvidos no caso indicaram que Tim fora sequestrado,
torturado, julgado e executado por traficantes, comandados por Elias Pereira da
Silva, o Elias Maluco.
O corpo foi carbonizado, numa fogueira de pneus, o chamado
microondas. Somente em 5 de julho, um exame de DNA confirmou que os restos
mortais encontrados num cemitério clandestino, no alto da favela, eram mesmo do
jornalista. O enterro aconteceu no dia 7 de julho.
Entre os 41 fragmentos de ossos retirados do cemitério
clandestino, técnicos da UFRJ identificaram o DNA de outras três pessoas,
também vítimas do tribunal do tráfico. A polícia prendeu sete acusados do
crime, levados a julgamento em 2005.
Elias Maluco foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão.
Elizeu Felício de Souza (Zeu), Reinaldo Amaral de Jesus (Cadê), Fernando Sátyro
da Silva (Frei), Cláudio Orlando do Nascimento (Ratinho) e Claudino dos Santos
Coelho (Xuxa) foram senteciados a 23 anos e seis meses de detenção. Já Ângelo
Ferreira da Silva (Primo) recebeu uma pena menor, de 15 anos.
Tim decidira fazer a reportagem após receber denúncias de
moradores da Vila Cruzeiro de que menores eram obrigadas a participar dos
bailes funks, usando drogas e se prostituindo. O jornalista da TV Globo tinha
experiência nesse tipo de cobertura. No ano anterior, recebera o Prêmio Esso de
Telejornalismo e o Prêmio Líbero Badaró, com a série “Feira das drogas”, na
qual denunciava a ação de traficantes, livres de qualquer repressão, nas
favelas da Grota, da Rocinha e da Mangueira e em ruas da Zona Sul.
Formado em jornalismo pela Facha, Tim trabalhou no GLOBO, em
“O Dia”, “Jornal do Brasil”, “Folha de S.Paulo” e “Placar”. Casado com a
estilista Alessandra Wagner, deixou um filho do primeiro casamento. O crime
provocou uma grande discussão sobre os limites do trabalho da imprensa e sobre
liberdade de expressão.
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