sexta-feira, 2 de junho de 2017

15 anos sem Tim Lopes, assassinado pelo tráfico

 Jornalista fazia reportagem sobre abuso de menores e comércio de drogas, quando foi sequestrado, torturado, julgado e executado por traficantes, há 15 anos
Sumiço. Tim Lopes desapareceu quando fazia uma reportagem na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, sobre tráfico de drogas e corrupção de menores
Em foco: Desaparecimento e morte do jornalista Tim Lopes
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A morte do jornalista Tim Lopes, em 2002, foi um dos crimes mais chocantes que o Rio de Janeiro já testemunhou. O gaúcho Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, então com 52 anos, desapareceu no dia 2 de junho de 2002, quando fazia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um baile funk da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte carioca. Depoimentos de testemunhas e dos envolvidos no caso indicaram que Tim fora sequestrado, torturado, julgado e executado por traficantes, comandados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco.
O corpo foi carbonizado, numa fogueira de pneus, o chamado microondas. Somente em 5 de julho, um exame de DNA confirmou que os restos mortais encontrados num cemitério clandestino, no alto da favela, eram mesmo do jornalista. O enterro aconteceu no dia 7 de julho.
Entre os 41 fragmentos de ossos retirados do cemitério clandestino, técnicos da UFRJ identificaram o DNA de outras três pessoas, também vítimas do tribunal do tráfico. A polícia prendeu sete acusados do crime, levados a julgamento em 2005.
Elias Maluco foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão. Elizeu Felício de Souza (Zeu), Reinaldo Amaral de Jesus (Cadê), Fernando Sátyro da Silva (Frei), Cláudio Orlando do Nascimento (Ratinho) e Claudino dos Santos Coelho (Xuxa) foram senteciados a 23 anos e seis meses de detenção. Já Ângelo Ferreira da Silva (Primo) recebeu uma pena menor, de 15 anos.
Tim decidira fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da Vila Cruzeiro de que menores eram obrigadas a participar dos bailes funks, usando drogas e se prostituindo. O jornalista da TV Globo tinha experiência nesse tipo de cobertura. No ano anterior, recebera o Prêmio Esso de Telejornalismo e o Prêmio Líbero Badaró, com a série “Feira das drogas”, na qual denunciava a ação de traficantes, livres de qualquer repressão, nas favelas da Grota, da Rocinha e da Mangueira e em ruas da Zona Sul.
Formado em jornalismo pela Facha, Tim trabalhou no GLOBO, em “O Dia”, “Jornal do Brasil”, “Folha de S.Paulo” e “Placar”. Casado com a estilista Alessandra Wagner, deixou um filho do primeiro casamento. O crime provocou uma grande discussão sobre os limites do trabalho da imprensa e sobre liberdade de expressão.

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